terça-feira, 29 de dezembro de 2009

| .Prólogo. |

Fico com o lirismo e a sutileza elegante dos poetas,
com a magnificência da lua cheia ,
com o gemido perigoso saudando o dia que nasce depressa na janela.

Fico com o cheiro da jasmim que me lembra a infância,
com os corpos que falam,
com as canas que exalam...

Fico com a malícia sabida e sedutora dos bons boêmios
e com essa solidão gostosa de cada dia
que me coloca cara a cara com meus eus.

Fico com a impagável liberdade de ser.
Com as minhas noites sem fim,
e com o silêncio que abriga minhas idéias.


Vivo agora,
o desabrochar de uma flor,
e toda essa responsabilidade de
ser uma mulher.

Priscilla Pontes.

| .Morretes, os meus, o brinquedo novo e as Pritices. |



































Fotos: Pri Pontes.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Manoel de Barros

Se diz que há na cabeça dos poetas um parafuso
A menos
Sendo que o mais justo seria o de ter um parafuso
Trocado do que a menos.
A troca de parafusos provoca nos poetas uma certa
Disfunção lírica.
Nomearei abaixo 7 sintomas dessa disfunção lírica.
1- Aceitação da inércia para dar movimento às palavras.
2- Vocação para explorar os místérios irracionais.
3- Percepção de contigüidades anômalas entre verbos e substantivos.
4- Gostar de fazer casamentos incestuosos entre palavras.
5- Amor por seres desimportantes tanto como pelas coisas importantes.
6- Mania de dar formato de canto às asperezas de uma pedra.
7- Mania de comparecer aos próprios desencontros.
Essas difusões líricas acabam por dar mais importância aos passarinhos do que aos senadores.

A Disfunção - Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo, p.9